CHIN-NA

A palavra Chin-Na/Qin-Na (em mandarim) ou a palavra Kan-Na (em cantonês) são escritas com os caracteres tradicionais 擒拿 na língua chinesa. O primeiro caractere “擒”, pronunciado “Chin/Qin” pode ser traduzido com o significado de “capturar” enquanto que o segundo caractere chinês “拿”, pronunciado “Na” pode ser traduzido com o significado de “segurar”. Ou seja, no Chin-Na, o praticante deverá capturar um oponente para mantê-lo sob controle. Para tal, o praticante faz uso de chaves, de torções, de estrangulamentos, de pinçamentos (aplicando pressão com os dedos) em áreas específicas do corpo do seu adversário, utilizando inclusive conceitos marciais e também conceitos oriundos da Medicina Tradicional Chinesa (MTC), dentre outras coisas. O Chin-Na não é considerado um estilo de Kung Fu, embora esse seja amplamente utilizado como defesa pessoal e ainda esteja presente nos ensinamentos de inúmeras Escolas tradicionais de Kung Fu (dentro e/ou fora da China) que o transmitem juntamente com as técnicas dos seus estilos ou sistemas marciais.

Conforme os registros chineses, o Chin-Na teria sido desenvolvido no Templo Shaolin (少林寺) e, durante anos, os monges praticaram e aperfeiçoaram esse conhecimento, até alcançarem considerável perícia com essa arte marcial. Tradicionalmente, é dito que em Shaolin foram originalmente criadas 72 técnicas de Chin-Na (que eram compostas principalmente de variações técnicas do Kung Fu Shaolin). Acredita-se que entre os séculos XIV e XVII, durante a dinastia Ming, as técnicas de Chin-Na foram estabelecidas nas artes marciais de Shaolin, após o desenvolvimento do estilo dos “Cinco Animais”, que teria substituído o estilo do “Punho de Lohan”. Nesse mesmo período, os estilos Garra de Tigre, Garra de Águia e do Dragão também fizeram bastante uso das técnicas de Chin-Na e o incluíram em seu currículo marcial. Praticamente, quem treinava as técnicas de Chin-Na em Shaolin eram apenas Mestres, pois há níveis mais profundos de conhecimento no Chin-Na, que necessitam de mais tempo de dedicação e de estudos para serem aperfeiçoados, conforme o praticante avança em seu treinamento.

No passado histórico da China, um grande líder nacionalista e militar chinês, o general Yue Fei (岳飛 – em caracteres tradicionais chineses) foi um dos grandes colaboradores na transmissão e no aperfeiçoamento das técnicas de Chin-Na. Yue Fei viveu durante a dinastia Song, do Sul da China (século XII) e o seu treinamento marcial deu-se principalmente sob a tutela de um exímio artista marcial local (da província de Henan, China) chamado Zhou Tong (周同). Zhou Tong aprendeu artes marciais em Shaolin, quando ainda era criança e este, após muitos anos de dedicação aos treinamentos e estudos, tornou-se um artista marcial completo em suas habilidades com o Kung Fu e com poesia. Yue Fei foi um dos aprendizes de Zhou Tong que aprendeu artes marciais com ele, além do uso de arco e flechas. Zhou Tong transmitiu seus conhecimentos de Chin-Na para Yue Fei que aprimorou essas técnicas e as sistematizou em 108 técnicas para um dos estilos que ele mesmo desenvolveu – o Ying Zhao Pai (鷹爪派), também conhecido como o estilo Garra de Águia.

O Chin-Na pode ser dividido em quatro categorias distintas de conhecimentos que o praticante necessita aprender. São elas: i) Fen Jin (分筋) – significa “separar músculos/tendões”; ii) Cuo Gu (错骨) – significa “deslocar ossos”; iii) Bi Qi (闭气) – significa “interromper a respiração” e iv) Dian Xue (点穴) – significa “pressionar cavidades”. É importante mencionar também que, especificamente nessa última categoria do Chin-Na, existe um trabalho específico de atacar as cavidades (áreas ou meridianos do corpo) que recebe o nome de Dian Mai (点脉) ou Dim Mak (no dialeto cantonês). Para as quatro categorias citadas sobre o Chin-Na, as duas primeiras (Fen Jin e Cuo Gu) são indicadas para os praticantes que iniciam o seu treinamento com essa arte marcial, enquanto que as duas últimas categorias (Bi Qi e Dian Xue) são ensinadas apenas para praticantes que possuem experiência considerável com o Chin-Na, após muitos anos de treinamento intensivo. Durante o processo de aprendizagem do Chin-Na, o praticante dessa modalidade deverá aprender conhecimentos sobre anatomia humana, sobre chi kung (ou qi gong), além de adquirir também alguns conhecimentos relacionados à acupuntura, dentre outras coisas.

No Instituto Han de Cultura Chinesa (IHCC), a grade curricular da nossa modalidade Chin-Na é formada por conhecimentos que o Shifu Marco Mourão adquiriu com o Dr. Yang Jwing-Ming e, principalmente, pelos ensinamentos do Grão-Mestre Benny Meng, que classifica o Chin-Na como a categoria Chi Kiu (黐橋) – uma das sete habilidades componentes do universo do Shaolin Wing Chun (少林詠春). Em nossa Escola, o praticante que ingressar na modalidade Chin-Na deverá estudar sua teoria e praticar diligentemente as técnicas dessa arte marcial para, posteriormente, obter graduações. Especificamente com a prática do Chin-Na no IHCC, o praticante poderá evoluir por meio de três níveis de conhecimento: o nível iniciante, o nível intermediário e o nível avançado. Para se tornar um instrutor certificado e qualificado, pelo IHCC, para ensinar essa modalidade, o praticante deverá seguir todo o treinamento e concluí-lo após, três anos (tempo mínimo). Portanto, qualquer pessoa interessada em obter mais esclarecimentos sobre o nosso programa de treinamento com o Chin-Na, poderá fazer isso escrevendo para a nossa Escola pelo e-mail (institutohan@gmail.com) ou ligando para o número (61)98256-5487.

As técnicas de Chin-Na são excelentes para serem aplicadas como uma forma de defesa pessoal e também para quaisquer outros tipos de situações reais de luta.